Butterfly

Em 2021 não pude ir ao Brasil me despedir do meu pai. Foi um período difícil em que estávamos aqui na Flórida e como todos, vivendo uma pandemia. Vivi um luto distante que me aproximou demais de tudo que estava esquecido dentro de mim. A dor me fez sentir a necessidade de manter todo aquele amor adormecido que eu estava sentindo, novamente pela minha história. Meu pai deixou para minha avó uma das pessoas mais presentes em toda a minha vida, que tem Alzheimer há 8 anos. Ele era filho único e trazia consigo muitas respostas para minhas novas perguntas. Com a distância, o caminho que encontrei foi através de fotos remotas, tiradas online. Elas foram feitas com a ajuda da minha mãe e da minha irmã que estão no Brasil com a minha avó. Não foi uma tarefa fácil porque nenhum de nós queria te incomodar e você já chegou, da casa do meu pai, muito debilitado. Resolvi usar nossas fotos antigas e sem dúvidas estão muito mais verdadeiras, fazendo jus a tudo que vocês representam para mim. A liberdade da colagem me lembrou do seu jeito de viver a vida, você nunca falou das dificuldades, apenas das possibilidades, e eu estava lá, tão fundo dentro de você. A fotografia híbrida é um driver muito importante da narrativa, pois a bússola que busco é a interceptação de momentos em que nem sempre tenho seus olhos me encontrando devido ao seu voo e distância devido a uma preparação de drogas e efeitos Alfazheimer e em outros vezes há um leve sinal de conexão e acredito que nos reconhecemos ali.

Butterfly - Cris Motta - 2021