Cicatrizes são formadas por traumas, às vezes irreversíveis, não pela dor que causam, mas pelas marcas que deixam. São tatuagens , para nos lembrar dos cuidados daquilo que transforma o que queima, em beleza, nas lições que podemos aprender com elas e assim seguirmos em frente.
Me considero uma colecionadora de cicatrizes, aos 2 anos de idade ganhei minha primeira cicatriz. Diagnosticada com luxação no fêmur precisei operar e por 11 meses engessada, desaprendi a andar. Movimento. Nesse momento ganhei as primeiras marcas físicas e as primeiras emocionais. Foi preciso reaprender, cair para me manter em pé e seguir.
Aos 18 anos mais uma cicatriz, essa com o fantasma que eu poderia não sobreviver, uma cicatriz por toda extensão das minhas costas, porém mais uma batalha vencida.
E foi assim que a mais forte das cicatrizes emocionais me abateu, a perda de uma filha.
Esses três marcos me mostraram que cicatrizes físicas podem vir acompanhadas de cicatrizes emocionais, mas nem toda cicatriz emocional precisa ter uma física que a acompanhe. Mas há sempre presente as marcas do interlúdio, dos movimentos e transições.