Olga Moon - Apartamento
Conheci Olga enquanto fotografava um casamento em meio a pandemia de 2021.
No momento em que todos os olhos daquele ambiente ansiavam pela entrada da noiva, minha atenção esteve totalmente concentrada naquela mulher que julguei ser cis. Ela usava óculos gatinho vermelho e um vestido em corte chinês amarelo, sua aparência destoante e excêntrica se complementava com duas mechas longas, retas e verdes que ora ou outra a brisa cobria suavemente em seu rosto.
Nos esbarramos durante a festa e percebi que Olga se tratava de uma mulher trans, o que só fez aumentar minha curiosidade sobre o universo que a cercara.
Trocamos nossos telefones e após algumas semanas nos encontramos num café, expliquei meu desejo em fotografá-la buscando as palavras corretas para convencê-la.
No dia 06 de maio de 2021, numa quinta-feira bastante quente apesar de nublada, Olga me enviou a localização de seu apartamento, ao chegar fui surpreendida por uma sensação de Deja-vú, o mais estranho que experenciei, pois já havia sonhado com aquele apartamento e me recordo com uma certa riqueza de detalhes do sonho, daquela vibe vanguardista, do estilo retrô das janelas e escadaria do prédio, a originalidade de seu guarda-roupa com peças que pertenceram a sua mãe e avó, do desejo intenso de viver uma outra vida, uma vida que não era minha, o desejo de viver a vida de Olga.
Neste ambiente repleto de conceitualidade, ela é ela.
A única e excepcional Olga Moon.